Habitualmente os adultos acima de 50 anos e os idosos formulam queixas relacionadas com falhas de memória que são vistas com certa preocupação. Estes problemas de memória podem comportar uma série de limitações na autonomia e na qualidade de vida. A origem desta perda pode ter diversas explicações: lesão cerebral, depressão, demência, longo período de hospitalização, ou simplesmente uma falta de atividade mental. As pesquisas existentes ressaltam a importância de manter-se cognitivamente ativo durante a vida.
O envelhecimento com êxito compreende duração da vida, saúde biológica, saúde mental, eficácia cognitiva, competência social e produtividade, controle pessoal e satisfação na vida. São ainda necessárias três condições básicas que servem de apoio para um envelhecimento com êxito: evitar a doença e a incapacidade, funções cognitivas e físicas em grau elevado e o compromisso com a vida. Para isso estimula-se a participação social, a aprendizagem continuada, oferecendo oportunidades de desenvolvimento individual, autorrealização e bem-estar ao longo de toda a vida.
A estimulação cognitiva comporta a realização de tarefas para ativar e manter as capacidades cognitivas: atenção, memória, linguagem, práxis e raciocínio, ao mesmo tempo em que se reforçam as capacidades emocionais e de relacionamento.
Os objetivos de um programa de estimulação cognitiva são:
- Manter as habilidades intelectuais conservadas o máximo de tempo possível com a finalidade de manter a autonomia.
- Criar um contexto rico em estímulos que facilite o raciocínio e a atividade.
- Fortalecer as relações interpessoais dos sujeitos evitando a desconexão do meio.
- Desenvolver intervenções e instrumentos que permitam às pessoas aproveitar a possibilidade de crescimento e ganhos que continuam conservando a maioria dos indivíduos.
Existe uma controvérsia relacionada ao envelhecimento e a redução da capacidade cognitiva: é necessário distinguir pequenas dificuldades cognitivas associadas ao envelhecimento normal das alterações características do envelhecimento patológico. Muitas vezes leves alterações cognitivas são características de estados prévios de demência. As demências são quadros de declínio cognitivo global, na sua maioria, causadas por doenças neurológicas crônico-degenerativas, irreversíveis.
O prejuízo cognitivo faz com que não se consiga dar mais conta das atividades da vida diária e pode-se ter problema no relacionamento com outras pessoas. O diagnóstico de uma demência compete ao médico especialista e é baseado nos dados clínicos, nos exames de imagem e laboratoriais e na avaliação neuropsicológica.
Existem drogas (inibidores de colinesterases) que podem melhorar a cognição por um tempo ou reduzir a rapidez do declínio cognitivo. Entretanto o paciente com demência pode apresentar alterações comportamentais e distúrbio do humor, os quais dificultam-lhe a convivência com a família e trazem situações de difícil manejo para o cuidador.
A estimulação com pessoas com demência é baseada em intervenções de caráter cognitivo e funcional, estimulando as funções cognitivas mais preservadas e mantendo a pessoa necessitando de menos auxílio pelo maior tempo possível.
Os objetivos da intervenção cognitiva para idosos com demência são:
- Reduzir a velocidade de progressão dos sintomas associados à doença.
- Possibilitar uma melhora no estado do humor.
- Orientar a família e o cuidador profissional, a estruturar a rotina e estimular a orientação temporal.
- Criar um lugar no tempo e no espaço que proporciona atividades importantes como leitura, escrita e evocação de conteúdos.
- Estimular a memória autobiográfica.
- Promover a conexão com o meio e as pessoas.